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Equipe da USP conquista ouro e prêmio de inclusão na iGEM 2025

A equipe iGEM USP conquistou reconhecimento internacional ao se destacar na Competição Internacional de Engenharia de Sistemas Biológicos (iGEM), o maior evento de biologia sintética do mundo. Coordenado por Cristiane Guzzo, do Centro de Pesquisa em Biologia de Bactérias e Bacteriófagos (CEPID B3) e do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), o grupo se apresentou em Paris, França, na última semana, e voltou com três conquistas: medalha de ouro, nomeação entre os melhores projetos da categoria e prêmio especial de inclusão. O resultado reforça a excelência da pesquisa feita no Brasil e consolida o time como referência global em biologia sintética.

Os prêmios reconhecem o projeto Glycosy-N-ation, desenvolvido pela equipe desde o início de 2024. A proposta envolve manipular duas espécies de microrganismos – a bactéria Escherichia coli e a levedura Saccharomyces cerevisiae – para que possam produzir glicoproteínas humanas. Um exemplo é a GCase, enzima naturalmente sintetizada pelo corpo e cuja deficiência está associada à Doença de Gaucher. “Hoje, essa enzima já pode ser produzida artificialmente para tratamentos a partir de células de cenouras, hamsters ou humanos, mas usar bactérias e leveduras pode reduzir significativamente os custos”, explica Davi Merighi, integrante do grupo. Segundo ele, o foco da equipe é desenvolver soluções inovadoras, acessíveis e com potencial de aplicação real, inclusive para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Medalha de ouro em homenagem ao desempenho geral do projeto

 

O desempenho na pesquisa e no laboratório garantiu à equipe uma medalha de ouro pelo resultado geral do projeto e uma nomeação entre os quatro melhores na categoria de Biofabricação, a terceira mais disputada do evento. Único grupo a representar a USP na edição de 2025, o time celebra o reconhecimento como parte de uma trajetória sólida e crescente. “Esses resultados mostram que estamos construindo um caminho promissor, ampliando o alcance e a relevância da equipe dentro da comunidade científica internacional”, afirmam os integrantes da iGEM USP, relembrando que os primeiros passos do time aconteceram em 2022.

A abordagem humanizada e a filosofia do grupo também se destacaram entre mais de 400 projetos apresentados, rendendo à equipe o Prêmio de Inclusão Social Através da Ciência. O reconhecimento é concedido a iniciativas que promovem diversidade e acessibilidade na pesquisa científica e foi direcionado às ações paralelas ao projeto Glycosy-N-ation, como a produção de um podcast sobre doenças raras, a organização de um ⁠workshop de biologia molecular, o evento Um Dia como Biocientista – em parceria com a Fundação Casa – e a Missão Araguaia, um escape room adaptado para pessoas com deficiência visual, realizado em parceria com o Lar das Moças Cegas, que incluia atividades como modelar proteínas em massinha. “Essas conquistas representam o reconhecimento de um trabalho coletivo de excelência e reforçam nosso propósito: fazer ciência com impacto, responsabilidade e inclusão”, destaca Guilherme Pompeu, integrante da equipe.

Além da supervisão de Cristiane Guzzo, a equipe conta com a colaboração de Mário Henrique, pesquisador do ICB.

Prêmio de Inclusão Social Através da Ciência recebido pela equipe iGEM USP 2025

iGEM

A Competição Internacional de Engenharia de Sistemas Biológicos (iGEM) é o maior evento mundial dedicado à biologia sintética. Criada em 2003 pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), a competição reúne anualmente mais de seis mil estudantes de diversos países, com o propósito de estimular o desenvolvimento de soluções inovadoras para desafios sociais e ambientais, usando a biologia como ferramenta tecnológica.

Agradecimentos

“Dedicamos o Prêmio de Inclusão Social da iGEM 2025 às instituições parceiras que contribuíram de forma decisiva para o desenvolvimento do projeto: o Lar das Moças Cegas, representado por seu Presidente, Carlos Antonio Gomes, e a Fundação CASA, representada por sua Presidente, Claudia Carletto, e seus internos. O impacto deste prêmio reflete a força do trabalho conjunto que promove a ressocialização e o ensino científico acessível.

Estendemos também nosso profundo agradecimento a todos que apoiaram a iniciativa do Escape Room Acessível: ao nosso Advisor, Prof. Dr. Fábio Siviero, pela orientação fundamental e pelo apoio com materiais táteis; ao Eixo de Atividades Didáticas do Centro de Pesquisa e Orientação em Deficiência Visual, coordenado pelo Prof. Dr. Paulo Eduardo Capel Cardoso; e aos professores Prof. Dr. Otavio Henrique Thiemann, Prof. Dr. Richard Charles Garratt e Prof. Dr. Ana Paula Ulian de Araújo, pelo apoio essencial no desenvolvimento de recursos táteis utilizados no projeto.

Agradecemos, por fim, nossos apoiadores financeiros: o Instituto de Ciências Biomédicas, e as Pró-reitorias de Graduação, Pós-graduação e Cultura e Extensão, além da Escola Politécnica, Instituto de Física de São Carlos e Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Agradecemos também a FAPESP e às empresas IDT, Twist Bioscience, SnapGene, além do suporte de ambiente de laboratório fornecido pelo CEPID B3”.

Equipe IGEM USP

Conheça a equipe iGEM USP: https://2025.igem.wiki/usp-brazil/team